domingo, 20 de dezembro de 2009

Estúdio Música Mais

Olá, galera!

"Saiu do forno" o site do estúdio do qual sou sócio, com o Walmir!

Visitem e comentem!

http://www.estudiobelohorizonte.com.br

Abraços,

Alexandre L.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Das lembranças

Hoje senti saudades de você
Não especificamente hoje
Mas em todos os dias
Em que sinto saudades
Fico diferente
Parece mais frio
Deve ser distância
Deve ser algo que faltou
Deve ser saudade

Quando tenho vontade de sorrir
Não necessariamente gargalhar
Ao menos tentando encontrar longe
Uma explicação do porquê
É tão bom estar com você
Me permito errar
Me permito aprender que errei com você

E quem de nós não aprendeu a dizer o que sentiu
Até quando teremos a chance de ser tudo aquilo
O que pensamos ser?
Até quando teremos a chance de ser tudo aquilo
O que sonhamos ser?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Felicidade

Dizem que "o tempo é a gente quem faz": concordo, em parte. Concordaria totalmente se o sentido da frase estivesse ligado a "o tempo foi inventado por nós". Assim, estaríamos diante de uma invenção sujeita às alterações necessárias: poderíamos controlar o tempo! Pois é... Sabemos quase que intuitivamente que não é bem assim. É similar à história do mostro criado por Frankenstein. Criador e criatura podem se "estranhar" ao longo do caminho!

Parece mesmo que o tempo é relativo... Quando estamos envolvidos em algo que gostamos ou queremos muito, tudo acontece mais depressa do que quando não estamos tão predispostos assim.

Mas não era bem sobre o tempo que eu gostaria de escrever hoje. Gostaria de citar breves coisas sobre a felicidade. Da mesma maneira que o "tempo", considero a "felicidade" uma invenção humana. Mas toda invenção humana tem que partir de uma "sensação" ou "sentimento" humanos. Bem, desta maneira, parece que tivemos uma predisposição de chamar de "felicidade" um certo tipo de "sensação".

Minha conclusão é relativamente simples, na teoria: a felicidade é um movimento "interno", um "lugar mental". Não há como encontrar felicidade externamente. Tudo aquilo que está fora de nós e que julgamos que nos traz felicidade é, na verdade, um catalisador de nossas próprias sensações.

Desta maneira, devemos aprender a encontrar essa "felicidade" em nós. Temos à nossa disposição lembranças felizes - que podem ser capturadas do passado -, temos nossos sonhos ou anseios futuros - que podem aparecer a qualquer instante para nos encher de uma "sensação boa" - e - o mais importante - tudo isso acontece presentemente! Mesmo que utilizemos o recurso de nos alimentarmos de nossas memórias ou de nossas expectativas, ainda assim, parecendo "viajar" no tempo, estaremos nos nutrindo de uma felicidade presente. A felicidade é interna e presente: o que será que estamos esperando para sermos felizes?

Estamos esperando um encontro. E este encontro é responsabilidade de cada um de nós. Se acontecer, teremos felicidade. Caso contrário, toda busca será sem valor, sem resultado. Devemos nos encontrar e reconhecer que somos a pessoa mais importante deste mundo: principalmente quando o assunto for "felicidade".

Um grande e afetuoso abraço a todos!

domingo, 14 de junho de 2009

Singelo preito



Seu rosto tornou-se uma nuvem,
Uma névoa, uma luz turva
Em meu pensamento.

Sua voz sumiu daqui:
É um movimento de ar
Em algum lugar.
Você está por aí
Mas não é mais você.

E quanta estima tive,
Tanto amor
E hoje é dor que se esconde:
Escondida está!

Os sonhos humanos não cessarão
E humano sou para contribuir
Com nossa imensa ilusão
De que vamos nos rever,

Que tenho motivos para crer
Em tudo o que manterá esta consciência viva,
Estes pés firmes
E esta alma solta.

Seu rosto é uma faísca,
Uma fagulha, um pulsar,
Um choro.
Seu nome tem letras que têm um bom som
E vai ser esquecido.
O meu nome também!

Mas estaremos sempre por aí
E talvez seja mais do que coincidência,
Bem mais do que o acaso ou o destino,
Talvez nunca exista uma palavra
Para que se possa dizer o que seria
A gente se encontrar de novo.

Esta é uma homenagem à minha avó "Lelena" e à minha tia "Fatinha", pessoas pelas quais guardei muita admiração e carinho ao longo de toda a minha vida, causadoras em mim de uma saudade muito, muito forte.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Valor Intrínseco


Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.

Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Uma beleza estampada sem um nome específico estampado para contextualizá-lo para as pessoas.

Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e rótulos? É o que a sociedade diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados. Somos condicionados sem nos darmos conta disto.

domingo, 7 de junho de 2009

Sem seis, um reflexo

Pois é... Três, quatro, cinco... Sem seis, vamos para o sete. O que há, para que tudo pareça acelerado, apressado, corrido? Eu quis passar por aqui ontem: falou certo! "Quis", pretérito perfeito do verbo querer. As coisas agiram mais rápido do que eu... O tempo passou de uma maneira que eu não percebi.

Outro dia estava voltando para a casa quando era "horário de pico" em Belo Horizonte. É estranho perceber o corre-corre, a quantidade de carros na rua, o engarrafamento. A maioria das pessoas não está lá com uma cara muito boa, e não é pra menos: um dia inteiro de trabalho que vai culminar naquela verdadeira loucura para conseguir voltar para casa. É fácil perceber que a quantidade de carros não cabe nas ruas, e a quantidade de pessoas não cabe nos carros, principalmente naqueles que são públicos. Mas, o que fazer? Aliás, antes disso, estamos tentando chegar onde?

Estamos - a maior parte de nós - envolvidos nesse turbilhão, que nos constrange a agir de determinada maneira em determinado tempo. Enquanto isso, julgando que nossa realidade consiste em fazer tudo aquilo que todo mundo fez e faz, continuamos assim. Não somos capazes de parar e perguntar o motivo de toda essa confusão.

Assim, seguimos sem seis e, muitas vezes, sem diversas outras coisas que o nosso coração julgou importantes.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Carlos Drummond de Andrade


Hoje eu gostaria de deixar aqui um poema de um conterrâneo meu, mineiro. Nada mais, nada menos do que Carlos Drummond de Andrade. Não tenho a audácia de dizer que se trata de uma homenagem, muito antes, é uma forma de eu tentar me conhecer mais. Drummond escreve de uma maneira que, tudo o que ele compôs me agrada, tudo mesmo.

A seguir, "A máquina do mundo":

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”

As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.